Escola Superior de Enfermagem
S.Francisco das Misericórdias


PORTEFÓLIO
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CENTRO HOSPITALAR DO ALGARVE - NEFROLOGIA

INTRODUÇÃO
Atualmente, é amplamente aceite a definição de doença renal crónica que se basea nas alterações da taxa de filtração glomerular e/ou na presença de lesão parenquimatosa mantida por pelo menos três meses. O diagnóstico precoce e o encaminhamento imediato para o Nefrologista são etapas essenciais para os doentes, pois possibilita a educação pré-diálise e a implementação de medidas preventivas que retardam ou interrompem a progressão para estádios mais avançados da doença. A Nefrologia tem passado por grandes mudanças desde o inicio dos anos 60, quando emergiu como especialidade médica. Inicialmente, o foco da Nefrologia era a terapia renal substitutiva - Diálise e Transplante - e numa outra fase o foco passou a ser as medidas preventivas.
Atualmente reconhece-se que a adaptação à terapêutica dialítica é um processo complexo e multidimensional incluindo aspetos médicos, sociais e psicológicos. É conhecida a relação muito especial que se estabelece entre o doente IRC e a equipa terapêutico. A complexidade e o nível de exigência da UH põe em destaque o elevado nível técnico, cientifico e humano necessário a uma equipa multidisciplinar na área da Nefrologia.
Acrescente-se que a terapêutica escolhida para um determinado individuo, num dado momento, é afetada pela viabilidade das modalidades existentes, considerações socais, doenças coexistentes e pela perceção da eficácia da hemodiálise e da diálise peritoneal.
O Serviço de Nefrologia do Hospital dá resposta a toda a região do Algarve, incluindo a clinica onde exerço funções revelando-se um local de estágio muito útil em termos de aprendizagem. Aqui é dado enfoque ao papel do Enfermeiro que acompanha o percurso do doente e que com ele caminha numa relação empática para minimizar a doença crónica e promover a saúde e o bem-estar. O Centro Hospitalar do Algarve - Serviço de Nefrologia, com todas as suas valências e áreas de actuação foi uma local de estágio muito rico em termos de aprendizagem.
O estágio foi de observação num total de 40 horas distribuídos pela Sala de Diálise, Internamento, Sala de Pequenas Cirurgias e Consulta de Diálise Peritoneal e Consulta de Baixo Clearence.
OBJECTIVOS
- Conhecer o Serviço de Nefrologia do Centro Hospitalar do Algarve;
- Contactar com a realidade da Nefrologia Hospitalar;
- Assistir a consultas de Diálise Peritoneal e de Baixo Clearence;
- Conhecer a Sala de Hemodiálise do Serviço
REFLEXÃO CRÍTICA
Penso que pela primeira vez no decorrer destes três estágios de prática clinica, este foi o que senti que estavam menos disponiveis para me acompanhar no processo de observação e aprendizagem, no entanto, tirei o maior partido do que me foi permitido fazer ao longo destes dias.
Fui recebido pela Enfermeira Chefe do serviço ,a qual apresentei os objectivos de estágio e delinou um cronograma de actividades para poder observar ao longo das 40 horas. O Serviço de Nefrologia encontrase no 3ºpiso do Edificio Central. No total existem 22 profissionais: 6 médicos, 18 Enfermeiros, 7 assistentes operacionais e 1 administrativo. É constituido por várias valências como as Consultas Externas, Internamento, Serviço de Urgência, Unidade de Diálise, Hospital de Dia e Diálise Peritoneal.
Uma das coisas que mais achei curiouso foi perceber a quantidade de valências e a multiplicidade de necessidades que o Serviço tinha de responder em tempo útil, sendo que aquele é o único serviço de Nefrologia do Algarve, pelo que tem de suprir uma àrea de abrangência muito grande.
Estive no primeiro dia na Unidade de Diálise/Hospital de dia onde percebi o sistema de funcionamento e em especial a forma de articualção com as Clinicas de Hemodiálise do Algarve. No segundo dia, segui um Enfermeiro no internamento onde consegui perceber as particularidades dos doentes em casos agudos da sua patologia. No terceiro dia observei as consultas de Diálise peritoneal, o que se revelou bastante interessante, dado que éra uma realidade desconhecida para mim. No quarto dia retomei à sala de Diálise e fiquei na expectativa de observar as consultas de baixo clearence o que não se sucedeu. No ultimo dia voltei ao internamento e observei o encaminhamento de uma situação de diálise urgente, assim como, a colocação de um catéter venoso central.
Destaco como ponto mais positivo o poder aprofundar os meus conhecimentos sobre a diálise peritoneal que se assume como uma boa alternativa à hemodiálise, continuando este a ser o método de referência. A DPCA é ambulatória, pouco dispendiosa, com maior estabilidade cardiovascular e bioquimica e apresenta uma menor deterioração da diruese residual. O procedimento dialitico consiste na instalação de 1500ml a 3000 ml de dialisante peritoneal na cavidade abdominal, onde permanece 4 a 6 horas sendo porteriormente drenando. A consulta de Diálise Peritoneal é feita por um médico e um enfermeiro responsável que avaliam a eficácia do tratamento nos ultimos 30 dias através de um programa informático que lê os dados registados num ID Card que cada doente tem e onde ficam gravados todos os tratamento que faz, avaliam também o peso do doente e a tensão arterial, colhem sangue para análise para perfil laboratorial e aconselham o doente à promoção de saude e prevenção da doença.
Outro aspecto que destaco é a importância do acompanhamento psicológico e emocional feito pelos enfermeiros aos doentes internandos e em especial as suas famílias que se assumem muitas vezes como cuidadores formais ou informais ao longo desta doença crónica. O inicio de uma terapêutica de substituição renal é sempre um momento dificil e que muitas vezes os doentes respondem com ansiedade ou pânico. As várias horas de permanência na sala de hemodiálise, o ritual do tratamento, a máquina os cuidados ao cessos vascular revelam-se nesta fase um conjuntos de desafios que os doentes têm que se deparar e é aqui que a equipa multidisciplinar, com enfoque na equipa de Enfermagem tem um papel determinante como o doente vai encarar a sua situação clinica, a sua doença ou o seu internamento.
Como referi, não me foi possivel observar as consltas de baixo clearence, mas uma Nefrologista do Serviço disponibilizou-se a contactar-me para assistir, no fim do mês a uma sessão de formação aberta aos doentes e familiares sobre a IRC.