Escola Superior de Enfermagem
S.Francisco das Misericórdias


PORTEFÓLIO
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CENTRO DE CONTRUÇÃO DE ACESSOS VASCULARES

INTRODUÇÃO
Temos assistido nos últimos anos a uma grande evolução técnica e cientifica dos materiais e equipamentos que contribuem para um tratamento altamente eficaz. Cada vez mais, os cuidados a ter com os acessos vasculares assumem uma importância crucial na sua manutenção. Os desafios são cada vez maiores, pois a maioria dos doentes com Insuficiência Renal Crónica são idosos com cormobilidades, associadas sobretudo à Diabetes e à insuficiência vascular periférica possuindo um património vascular muito deteriorado.
Os acessos vasculares permanentes para Hemodiálise podem ser arteriovenosos (Fistula arteriovenosa - FAV - ou prótese - PTFE -) ou venosos (cateter venoso central - CVC - ). As Guidelines NKF-DOQUI na área da Hemodiálise preconizam a construção preferencial da FAV em detrimento das próteses vasculares e a restrição máxima no uso dos cateteres de longa duração. Para a construção de um acesso são preferidas as veias do membro superior não dominante e em último recurso dos membros inferiores. Na abordagem cirúrgica, as veias distais são sempre utilizadas como primeira opção, permitindo dispor de maior comprimento de veia e preservar as veias mais proximais para futuras intervenções.
A escolha do Centro de Construção de Acessos Vasculares do Lumiar da Nephrocare prende-se com alguns aspetos concretos decorrentes da prática clinica. A curiosidade normal de ver cirurgicamente a construção de um acesso vascular e conhecer o serviço que dá resposta a muitos doentes que por várias razões, ou simplesmente por o acesso não estar funcionante têm de recorrer à resposta cirúrgica para correção da situação.
Este estágio decorreu como referi, no Centro de Construção de Acesso Vasculares do Lumiar num período de 20 horas de estágio efectivas
OBJECTIVOS
- Conhecer o Centro de Construção de Acessos Vasculares e a Unidade de Angiografias;
- Observar a construção cirúrgica de FAV's e colocação de PTFE's;
- Observar a resolução de alguns problemas dos acessos venosos com técnica angiográfica.
REFLEXÃO CRÍTICA
O estágio no Centro de Construção de Acessos Vasculares (CCAV) correspondeu a um dos pontos altos de todo o processo formativo e aprendizagem desta pós-graduação. Após 7 anos de exercer Enfermagem em unidades de diálise e contactar diretamente com acessos vasculares, o observar como são construídas cirurgicamente as FAV's ou como são implantadas as PTFE e até como são resolvidos alguns problemas através de intervenção angiográfica mostrou-se uma mais valia para a minha prática futura.
O CCAV surge por se perceber que o tipo de serviço prestado na construção e manutenção do acesso vascular para hemodiálise é manifestamente tardio, deficiente e fragmentado, contribuindo de forma dramática para um número crescente de doentes dialisados, utilizando uma prótese vascular ou um CVC com consequente aumento de custos, morbilidade e mortalidade. Sendo assim, o CCAV possibilita o acesso de qualquer doente da rede NephroCare a um cirurgião experiente na cirurgia do acesso vascular nas 24h seguintes à identificação das necessidades pelo seu Nefrologista e o incremento da percentagem de doentes dialisados pelas suas FAV's nativas.
Sendo assim, identificou-se alguns objetivos concretos com um CCAV:
- Fácil acesso em menos de 24h a um cirurgião vascular;
- Aumento do número de doentes a realizarem tratamento pelas suas FAV's nativas;
- Reduzir o número de PTFE's e CVC's nos doentes em programa de diálise.
Em termos de estrutura física, o CCAV revelou-se apetrechado de recursos materiais e recursos humanos que são capazes de uma resposta de excelência às necessidades apresentadas. O centro é um serviço de cirurgia de ambulatório que tem o seu funcionamento das 9h às 21h cinco dias da semana (de segunda-feira a sexta-feira) e é constituído por um bloco operatório e uma suite angiográfica. O Staff é constituído por cinco cirurgiões, quatro nefrologias de intervenção e equipa de enfermagem, auxiliares e secretariado. As atividades desenvolvidas no centro contribui de forma decisiva para a manutenção e promoção da qualidade de vida do doente.
São indicação para recorrer ao Centro Cirúrgico:
- Trombose da FAV;
- Rutura do acesso;
- Abcesso da parede ou exsudação no local;
- Construção de novo acesso;
- Fenómeno de roubo ou isquemia distal do membro;
- Malformação primária do acesso construído ou revisto à menos de um mês;
- Aneurisma a crescer ativamente;
- Hemorragia aguda;
São indicações para o Centro Angiográfico:
- Edema crescente do membro do acesso;
- Dor no acesso durante o tratamento;
- Aumento da pressão intra-acesso com redução da eficácia de diálise;
- Baixa inexplicável da eficácia da diálise;
- Queda confirmada (2ªmedição do débito do acesso);
- Deficiente maturação da FAV;
- Síndrome de VCS;
- Trombose da prótese;
Como referi estes dois dias no centro de acessos vasculares foram bastante importantes durante o processo de estágio. Uma das coisas que mais apreendi é que é fundamental perceber a anatomia dos vasos, na medida em que nos dá um conhecimento aprofundado de aspetos fundamentas que se repercutem depois na prática da sala de diálise, no desenvolvimento dos acessos e nas opções de abordagem (e técnicas de punção) que fazemos aos acessos dos doentes. Observei no centro cirúrgico os seguintes procedimentos: Construção da primeira FAV, Revisão Cirúrgica da FAV e superficialização da veia. No Centro de Angiografias observei uma angiografia diagnóstica, trombólise mecânica e angiografia percutânea. Também percebi a importância que tem, antes da intervenção cirúrgica, obter uma boa história e exame físico do doente - uma adequada avaliação do património vascular e do sistema cardiopulmonar deve ser realizada.